SEJA VOCÊ A MUNDANÇA
Era um homem de uns 70 anos. No
canteiro central da avenida, preparava-se para atravessá-la. Em meio à grama,
havia uma sacola plástica, jogada, quem sabe, por algum irresponsável.
Tranquilamente, apanhou-a e, já no outro lado, depositou-a numa lixeira junto à
calçada.
Quantas pessoas, no mesmo dia,
teriam pisado naquela sacolinha? Talvez eu próprio o tenha feito, segundos
antes. Mas, só ele tomou uma atitude para evitar que o material poluente fosse,
com a próxima chuva, despejado no arroio Dilúvio, dali desembocando no Guaíba,
a caminho de seu destino final: o fundo do oceano, junto a toneladas de lixo.
Vendo a cena, lembrei-me de
conselho do pacifista indiano Mahatma Ghandi, uma das maiores personalidades do
Século XX: “Seja você a mudança que deseja para o mundo”.
Todos dizemos desejar a paz, a
harmonia social e familiar. Sonhamos com um mundo onde impere a honestidade,
livre de violência, roubo ou corrupção. Todos estamos de acordo com a
preservação do meio ambiente. Queremos manter a Mãe Terra saudável para receber
as próximas gerações, das quais nós mesmos talvez façamos parte, pois aqui,
reencarnamos muitas vezes. Normalmente, demonstramos isso fazendo e
reivindicações, especialmente a nossos homens públicos. Deles cobramos atitudes
honestas, coerentes e saudáveis. Nem sempre, porém, fazemos a nossa parte.
O homem que vi apanhando a sacola plástica no canteiro
da avenida demonstrou conhecer uma lei fundamental da vida: somos todos parte
de um todo. Um a um, nossos pensamentos e ações influem positiva ou
negativamente no universo inteiro. Cada um de nós é agente das mudanças que
todos desejamos.Milton Medran Moreira
Crônica publicada no jornal Diário Gaúcho de 17.09.2013