sábado, 1 de outubro de 2011

UMA FOGUEIRA QUE FEZ HISTÓRIA

Allan Kardec nasceu em 4 de outubro de 1804. Há 207 anos, completados ontem. Ele não foi, como pensam alguns, fundador de uma nova religião. Sistematizou o espiritismo como uma ciência de consequências filosóficas e morais. A moral adotada pelo espiritismo inspira-se inteiramente nos ensinos de Jesus. Não sendo uma nova igreja cristã, tem, entretanto, o Homem de Nazaré, como mestre, modelo e guia para toda a humanidade.
          Por isso, não faz sentido a perseguição que já sofreu, e, em certos meios, continua sofrendo a doutrina espírita, de parte das igrejas cristãs. A propósito, no domingo, 9 de outubro, se estará recordando um triste episódio que passou à História como o nome de Auto-de-Fé de Barcelona. No ano de 1861, por ordem do bispo daquela cidade espanhola, foram queimados em praça pública, numa cerimônia religiosa, com a participação de um padre e um escrivão, mais de 300 volumes de obras espíritas que uma livraria local mandara buscar de Paris.
     Naquele tempo, na Espanha, a Igreja tinha autoridade para censurar os livros que considerasse perniciosos. O decreto, então assinado pelo bispo, dizia: “Sendo os livros contrários à fé católica, o governo não pode permitir que eles venham a perverter a moral e a religião”.
     Allan Kardec, na oportunidade, escreveu: “Podem se queimar livros, mas não se queimam ideias”. De fato, as ideias espíritas, desde então, têm prosperado muito, tanto na Europa como na América, inclusive na Espanha. Quanto mais estudado, melhor o espiritismo é compreendido na sua verdadeira natureza de ciência e filosofia libertadora. O progresso do espírito se dá, segundo propõe, através do conhecimento e do amor.

 Não foi isso que ensinou Jesus?

Milton Medran Moreira
Crônica publicada no jornal Diário Gaúcho em 4 de outubro de 2011