domingo, 12 de outubro de 2008

TERAPIA DE VIVÊNCIAS PASSADAS

Texto: Mírian Ribeiro/Reprodução, foto de Leandro Amaral

Em primeiro lugar, é preciso acreditar. Depois, esgotar os procedimentos médicos e psicológicos para identificar a causa e tratar o problema nesta vida. Feito isso, procure um profissional qualificado, tenha paciência e não crie grandes expectativas. Nas regressões a vidas passadas que são do conhecimento do psicólogo e psicoterapeuta venezuelano Jon Aizpúrua, não se descobriram príncipes ou celebridades da história. "Todos foram pessoas absolutamente comuns, seres humanos cheios de problemas que carregaram para essa vida algum conflito não resolvido".
"A idéia da TVP é um recurso contemporâneo que surgiu na década de 60 nos Estados Unidos. A pessoa vem em um processo de vida sucessivas, por isso um problema, que está afetando agora, pode ter origem na vida passada. Mas isso não é regra. É preciso antes buscar tratamento ortodoxo, pois o problema pode estar nesta vida mesmo. É muito perigoso ter como critério, por exemplo, que todo problema em família decorre de algum conflito não resolvido em outras vidas. Há muitos problemas da vida atual, por diferença de temperamentos, interesses e outras razões".
Antes de indicar a TVP, é preciso considerar todas as hipóteses desta vida e fazer um levantamento do histórico do paciente, componente genético, educacional, relações familiares. A TVP deve ser feita somente por profissional qualificado (médico, psiquiatra, psicólogo) e é normalmente indicada a pacientes com alterações emocionais, afetivas, depressão sem razão externa, alguns tipos de neuroses como fobias, timidez ou agressividade exacerbados, conflitos familiares sem motivos. Há casos, como o de um paciente de Jon Aizpúrua, que pai e filho foram adversários que não se perdoaram em outras vidas e psiquicamente ficaram irmanados, por isso voltaram a se encontrar em um núcleo comum. Para psicose esquizofrênica a técnica é contra-indicada, pois o paciente tem que ter condições de seguir as instruções médicas.
A probabilidade de êxito é 50% e quando não ocorre é porque não foi localizado o foco real do problema, o que, admite Jon Aizpúrua, causa muita frustração. "Uma vez detectado, demonstramos por indução e sugestão positiva que o problema está no passado, esta é uma nova vida e não há por que sofrer as conseqüências. O paciente entra em uma fase de conscientização e se liberta".
Há duas técnicas de TVP: com o paciente consciente, em um processo de relaxamento físico e mental, conduzido pelo terapeuta. É preciso cuidado, pois o paciente pode, mesmo involuntariamente, produzir fantasia sobre o que acredita ter sido no passado. O outro método é a indução hipnótica, com perda momentânea de consciência. O paciente não lembra de nada depois.
A regressão hipnótica à vida passada vai ocorrendo progressivamente em várias sessões; pode durar semanas, meses ou anos de trabalho. Primeiro a pessoa é levada à etapa neonatal; depois dá um salto para o estado fetal, para então chegar à vida anterior. Jon Aizpúrua diz que isso não acontece antes de sete sessões, que têm duração média de 45 minutos.
Os riscos da TVP podem existir se a técnica for aplicada por pessoas não qualificadas, sem enfoque clínico para compreender o sistema terapêutico e conectar os sintomas com os problemas. "É mito que a pessoa pode não voltar do estado hipnótico, esse retorno ocorre até naturalmente".
Respeitado pela divulgação de um espiritismo livre-pensador, progressista e humanista, Jon Aizpúrua esteve em Santos proferindo palestra sobre Terapia de Vidas Passadas (TVP) no dia 2, na Unisanta, a convite de entidades ligadas à Confederação Espírita Pan-Americana.Ele reconhece que o tema desperta muito interesse no homem que busca entender o sentido da vida e acha natural e legítima a curiosidade em saber quem fomos nós em outras existências, mas esclarece que a técnica é aplicada somente com fins terapêuticos para resolver problemas psicossomáticos. Não deve ser confundida com regressão de memória com finalidade dirigida a comprovar a reencarnação.

Texto do site Jornal da Orla http://www.jornaldaorla.com.br