segunda-feira, 11 de outubro de 2010

NO DIA DA CRIANÇA

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Quem é pai ou mãe sabe. Quem as educa e convive com elas também sabe. Crianças são surpreendentes. Inteligentes, amorosas, enchem de alegria a vida da gente. Mas, cá para nós, às vezes, são agressivas, invejosas, violentas. Algumas parecem trazer, no fundo da alma, tendências destrutivas. Não dizemos que são más. Preferimos afirmar que têm índole difícil. Normalmente as descrevemos como seres inocentes que ainda não conheceram o bem e o mal. Mas, contraditoriamente, desde cedo, identificamos nelas bons ou maus sentimentos. Alguns desses sentimentos crescem com elas. Poderão fazer delas cidadãos de bem, educados, prestativos, honestos. Ou, quem sabe, transformarão as crianças de hoje nos bandidos, corruptos ou desajustados de amanhã.
                Dizer que já nascem prontas não é certo. Mas também não é correto afirmar que nasçam inocentes. Recomeçam, ao nascer, a vida que interromperam em experiência anterior. Onde renascerem, encontrarão alternativas para sua evolução. Nós, que recebemos esses espíritos em nosso lar ou na sociedade em que vivemos, influiremos decisivamente em sua trajetória. O exemplo, o afeto, a orientação, os esforços que fizermos em favor deles iluminarão sua caminhada. Mas, os maus exemplos, as atitudes egoístas, desonestas e violentas poderão despertar neles os vícios e más inclinações que agora poderiam dominar.
                Ninguém que por aqui transita é inocente. Somos um somatório de experiências boas e más. A vida é uma aventura. Uma fascinante aventura. Descubra isso hoje olhando nos olhos de uma criança. Talvez vislumbre um pouco de sua alma. Fascinante, como toda a vida humana. Mas dependente, como são todos os espíritos com quem somos convidados a compartilhar a vida.
Milton Medran Moreira - Crônica publicada no jornal Diário Gaúcho em 12/10/2010