segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A TRAGÉDIA DE SANTA MARIA - RS


A TRAGÉDIA E NÓS

                Impossível não sofrer junto!

                 Uma tragédia da dimensão daquela ocorrida em Santa Maria nos atinge a todos.

                Em algum momento, assistindo a cenas tão dramáticas, como aquelas mostradas no último domingo, impossível não experimentarmos parcelas vivas e reais da dor de mães, pais, irmãos ou amigos dos cerca de 250 rapazes e moças, vítimas da maior tragédia já ocorrida no Rio Grande do Sul.

                A dor que sofremos juntos, mesmo despertando indignação diante de imprevisão e do descaso humanos, também faz brotar em cada coração sentimentos de solidariedade e um afeto profundo, verdadeiramente fraterno, para com familiares e pessoas próximas das vítimas. Isso é o que se chama de compaixão: o sofrimento compartilhado que gera cumplicidade, solidariedade. Podemos, sim, ajudar, mesmo à distância, com vibrações de amor, com preces que brotam da alma e chegarão, como bálsamos suavizantes, à alma das vítimas e seus entes queridos.
 
                Talvez seja tudo o que podemos fazer neste momento. E esse tudo é muito. Por favor, ninguém tem o direito de construir teses colocando aqueles jovens como culpados por atos antes praticados. Importa que, aqui e agora, eles são vítimas. Vítimas da imprevidência dos homens e do desprezo que temos pela vida.

                Destino? Mistérios divinos? Definitivamente, não. Erros humanos que todos temos o dever de evitar em favor da vida digna, longa e feliz que sonhamos, planejamos e buscamos para ossos filhos, neste Planeta!

Milton Medran Moreira – Publicado no jornal Diário Gaúcho de 29/01/2013

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA


Em 21 de janeiro, o Governador Tarso Genro assinou decreto criando o Comitê Estadual de Diversidade Religiosa. Uma iniciativa muito legal, formalizada no Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa.
 Você deve saber o que é uma pessoa intolerante. Todo mundo tem alguma na sua família ou relações. São aqueles que se fanatizam por uma ideologia, um partido político, um clube de futebol ou... uma religião!  De todas essas categorias de intolerantes, a pior delas é, justamente, a dos fanáticos religiosos. Eles simplesmente não toleram o convívio com pessoas de crenças diferentes das suas. Ao contrário dos demais intolerantes, eles se julgam detentores da VERDADE - assim mesmo, sempre escrita em maiúsculo. Para eles, aquelas “verdades” extraídas de seus livros sagrados ou dos dogmas de sua fé são a coisa mais importante da vida. Tanto da vida deles como dos outros. Deles, porque a verdade os faz melhores que os outros. Dos demais, porque, afastados da verdade, nunca serão felizes e nem tão bons como eles.
 Perceberam? A intolerância religiosa vem da ideia de que quem não tem a verdade não é bom. Não tem merecimento algum. Nunca terá a ajuda de Deus na Terra e irá para o inferno depois da morte. Por isso, distância das pessoas que não conhecem a verdade! Não se deve conviver com elas, a não ser para convertê-las, para levar-lhes a verdade.
 Por isso, penso que o Estado pode e deve combater e até criminalizar toda e qualquer manifestação de intolerância religiosa. Mas, para acabar mesmo com ela só quando cada um se convencer de que ninguém é detentor da verdade. Estamos todos a buscando. E para chegarmos mais perto dela, são necessários muita humildade e respeito às ideias dos outros.
 
Milton Medran Moreira - Publicado no jornal "Diário Gaúcho" em 29/01/2013

sábado, 12 de janeiro de 2013

CCEPA NA MÍDIA

UM NOVO AMANHECER

 MILTON R. MEDRAN MOREIRA
Advogado e jornalista, presidente do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre

 Místicos, astrólogos e crentes de velhas teses sobre o fim do mundo previram acontecimentos estranhos para dezembro de 2012. Ocorreriam, segundo apregoavam, com data e hora aprazadas, catástrofes que levariam a radicais mudanças planetárias. Fim dos tempos, para muitos. Início de uma nova era, para outros.

Desde que o mundo é mundo, transformações geológicas e sociais, físicas e culturais, sucedem-se em processos mais ou menos rápidos. Nós, espíritas, chamamos isso simplesmente de evolução. Mudanças, em qualquer circunstância, pedem tempo, exigem correção de rumos e, quando envolvem atitudes humanas, requerem conscientização. "Natura non facit saltus" - a natureza não dá saltos - já diziam os romanos.

Dezembro passou. Despontou janeiro, renovando sonhos que renascem, sempre e sempre, em cada ano novo. E a vida dos humanos seguirá seu rumo. Sem sobressaltos. Mesmo assim, neste canto planetário, esta quadra parece assinalar mudanças que seu povo, de há muito, vem acalantando e preparando. Há uma consciência generalizada a reclamar novos padrões comportamentais nas relações entre governantes e governados, entre os que detêm poderes políticos ou econômicos e aqueles que destes dependem.

O processo judicial do século, que a gente chamou de "mensalão" é, sem dúvida, um forte marco visível dessa ânsia de transformações políticas, sociais e econômicas inspiradas em uma imensa sede de ética, de equidade e justiça.

O povo, em sua simplicidade, acha que tudo se resolverá com o encarceramento, e por muitos anos, de alguns usurpadores do poder político e econômico. Vale considerar, no entanto, que eles apenas repetiram velhas práticas enraizadas em uma cultura que, hoje, dá sinais muito claros de saturação.

Ocorra o que ocorrer com eles, entretanto, e mesmo que, eventualmente, burlem os visíveis mecanismos de justiça, já lhes sobreveio, e lhes continuará sobrevindo, o ama rgo e natural resultado de seus erros. Episódios como estes têm profunda repercussão no íntimo tribunal da consciência de seus agentes. Consciência não se burla e, perante seus precisos indicadores do bem e do mal, do certo e do errado, não sobra qualquer espaço para a impunidade.

Para seus responsáveis e para a nação, ademais, estes acontecimentos históricos hão de ter efeito altamente pedagógico. Nada têm de apocalípticos. Não são, como alguns chegam a interpretar, indícios do final dos tempos. Claramente, contudo, compõem um quadro a caracterizar o fim de um tempo, prenunciando um novo amanhecer.
Artigo publicado no Jornal ZERO HORA de Porto Alegre em 12 de janeiro de 2013