“Há quem chegue às maiores alturas
só para fazer as maiores baixezas.”
Ministro Carlos Ayres Brito,
do Supremo Tribunal Federal
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Talvez nunca, como nesta quadra da história republicana nacional, tenhamos tão agudamente percebido o distanciamento entre a inteligência e a ética, em determinadas figuras de nosso cenário político.
Enfrentando, em 5 de março último, o julgamento de um habeas corpus impetrado por governador de uma unidade da federação que, flagrado em suposto e grave ato de corrupção, saiu do palácio do governo diretamente para a prisão, um dos julgadores da mais alta corte da Justiça, negando-lhe concessão, deplorou o episódio, pronunciando a frase emblemática que serve de epígrafe a este artigo.

Deploravelmente, homens que deveriam ser exemplos de honradez, em face dos elevados cargos que ocupam, têm protagonizado cenas de extremada vilania, locupletando-se despudoradamente dos bens públicos pelos quais deveriam zelar. Se, entretanto, a impunidade foi até aqui regra, aos poucos, deixa de sê-lo. Há, felizmente, uma consciência em favor da ética pública que cresce no seio do povo e força a adoção de medidas profiláticas, punitivas e moralizadoras.
O conhecimento da verdadeira natureza espiritual do homem e de sua responsabilidade, além dos mecanismos legais e fiscalizadores aqui disponíveis, é instrumento poderoso de progresso moral. Talvez o mais eficiente para reduzir o descompasso claramente perceptível entre aquele e o progresso intelectual. Um e outro hão de se aproximar, no dia em que, definitivamente, se com-preender que inteligência sem ética é como uma árvore sem flores e sem frutos.
do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre
Artigo publicado no Jornal "ZERO HORA" de Porto Alegre em 10.03.2010